sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Coffeepaste Recomenda (V)

Festival: DocLisboa
O Documentário vem aqui preencher mais uma vez a sua função: a de dar a ver, de pensar os homens, o seu lugar no mundo e no tempo, sob as formas cinematográficas mais variadas, transgredindo por vezes fronteiras formais ao serviço das histórias contadas.
O cinema do real pode não mudar o mundo mas permite entendê-lo melhor e, quem sabe, contribuir para transformar a apatia em força de mudança. Com cerca de 180 filmes e um programa preparado com paixão, a IX edição do doclisboa oferece ao público um lugar de encontro, de partilha, de reflexão, de construção do olhar e de debate.
Lisboa (Culturgest, Cinema S.Jorge, Cinema Londres, Cinemateca Portuguesa, Teatro do Bairro). De 20 a 3
0 de Outubro 2011
http://www.doclisboa.org/2011/


Cinema: Pina
de Wim Wenders
Desde Maio nas salas portuguesas, este filme é uma fantástica homenagem a Pina Bausch e ao seu universo coreográfico. Começando por “A Sagração da Primavera", somos levados a viajar entre "Café Müller", "Kontakthof" e "Vollmond", as quatro mais famosas peças da coreógrafa. Excelente banda sonora e fotografia. A não perder.
por Rita Lucas Coelho

Cinema: Sangue do Meu Sangue
Sem rodeios, Sangue do Meu Sangue não é o filme português do ano. É, simplesmente, o filme do ano. Porque de tempos a tempos, surge insuspeitamente uma obra capaz de transfigurar a realidade que se esconde na luz e, por breves instantes, revelar a verdade por detrás dela.
Ao embrenhar-se no seio de uma família dos subúrbios de Lisboa, João Canijo expõe a carne, os ossos, o desejo e o sofrimento adjacentes à vulnerabilidade da condição humana, que é inevitavelmente emocional.
A racionalidade é nada mais que um disfarce sob o qual é possível fingir independência de nós mesmos. Porque O Amor, na sua mais derradeira forma, é impie
dosamente incondicional e perdidamente absurdo. Seja ele entre mãe e filha, tia e sobrinho, amantes, amigos, namorados. Aqui ele é representado por um elenco explosivo e inesquecível, muitas vezes explorado pela realização fulgurante e meticulosa de Canijo, que atinge a perfeição técnica quando explora em diversas cenas duas linhas narrativas simultaneamente, num mesmo enquadramento ou plano-sequência mas com diálogos cruzados e independentes. Por isso chega a ser doloroso destacar interpretações como as de Anabela Moreira e de Rita Blanco, as matriarcas desencontradas de um núcleo familiar à beira do abismo. Ou falar de cenas tão desconcertantes como a final com Moreira e Nuno Lopes, as de Blanco com o instruído destruidor ou qualquer uma que penetre no quotidiano colectivo. Canijo expõe com inédita visceralidade a natureza trágica d’O Amor. Rege as vidas de todo o ser que se reconhece enquanto humano. Ameaça tudo o que parece ser vital e imprescindível. Mas só ele o é. Animal. Instinto. Cruel.
Por Nuno Gonçalves

Exposição: English As She Is Spoke
A Fundação PLMJ apresenta a exposição “English As She Is Spoke”, de João Pedro Vale, inaugurada a 12 de Outubro, no Espaço Fundação PLMJ, em Lisboa. Este projecto aborda a tensão entre identidade pessoal, comunidade e história característica da sociedade contemporânea. O filme que faz parte desta instalação conta com as interpretações de Anton Skrzypiciel e John Romão.
Exposição patente até 10 de Dezembro, de 4ª feira a sábado, entre as 15H00 e as 19H00 (entrada livre). Rua Rodrigues Sampaio, 29


Exposição: Estilo Queen Anne
Ana Vidigal mostra novos trabalhos com texto, imagens encontradas, assemblage e muito humor - tudo em “estilo Queen Anne”.
Ocupando as duas salas de exposição da galeria, a artista apresenta uma nova série de trabalhos que nos surpreenderão pela maturidade de conciliar duas vertentes do seu trabalho: a pintura no seu sentido mais clássico, e o “trabalho paralelo” de cariz mais experimental.2
A artista apresenta 23 trabalhos novos, desde pinturas e desenhos com assemblage, mostra também uma série de impressões intervencionadas por si – remetendo para um universo mais fantasioso e kitsch da banda desenhada. Vidigal usa todos estes elementos num sentido de “descontextualização e recontextualização de objectos encontrados”3 (neste caso imagens de álbuns, autocolantes, objectos de decoração e embalagem, bem como modelos de crochet, etc.) o que, como diz Susana Pomba, cria obras cheias “de humor e reflexão social e política.”4 Ao apropriar-se das imagens e dos objectos, ela contamina o seu sentido original, acrescentando novas leituras e possibilidades de interpretação.
Até 5 de Novembro na Baginski Galeria, Lisboa. R. Capitão Leitão, 51/53
http://www.baginski.com.pt/pages/expos.asp


Concerto: Patrick Wolf
Poucos meses depois de ter passado pelo festival Optimus Alive, Patrick Wolf volta a Portugal para um concerto no dia 16 de outubro (domingo) no TMN Ao Vivo, em Lisboa. O concerto deverá centra-se em "Lupercalia", o mais recente disco do exuberante cantautor, onde os instrumentos de música clássica e a electrónica se voltam a encontrar (algo a que o jovem britânico já nos habituou), num registo menos sombrio do que o álbum anterior, "The Bachelor". Não faltarão instrumentos em palco - a arpa, o piano, o violino e o ukulele são presença constante nos concertos de Wolf - e, mesmo com algumas canções mas sombrias e introspectivas na bagagem, o ambiente será certamente de celebração e festa.
Por Dinis Correia