sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Coffeepaste recomenda (XIV)

Cinema: Melancholia, de Lars Von Trier
A notícia de que Lars Von Trier viria a realizar um filme de ficção científica poderá ter surpreendido alguns, mas a realidade é que Melancholia é, tal como grande parte da filmografia do autor dinamarquês, outro doloroso ensaio sobre a maldição da Humanidade. No entanto, no lugar da crua e irascível provocação que o caracterizam existe uma placidez desconcertante. Dividido em duas partes, relata o iminente final do mundo aos olhos de duas irmãs num espaço isolado e sem qualquer contacto com o exterior. Nas suas simbologias cinematográficas, que se apresentam de uma assentada num dos mais gloriosos prólogos da década, nunca pretender ser literal. A personagem de Justine, por exemplo, parece ser a representação figurativa da Humanidade face ao apocalipse que se aproxima. Apática, desencantada, conformada, doente, fraca, perversa. Uma interpretação sublime e histórica de Kirsten Dunst e a mais contida, mas não menos implacável na sua amaldiçoada serenidade, de todas as personagens femininas de Von Trier. A sua desconstrução daquilo que outrora foi humano parece a metáfora perfeita para as intenções de Von Trier. Cansada de viver, desiste e espera com tranquilidade o seu fim. Sem gritos de desespero, sem explosões emotivas, sem lágrimas. Essas ficam para uma arrebatada Charlotte Gainsbourg, que não se consegue encontrar paz na resignação. Mas a Vida na Terra é pérfida e não pode senão ser devastada por Melancolia.
Por Nuno Gonçalves

Concerto: Legendary Tigerman
Os concerto de Natal de Legendary Tigerman são já uma tradição com 5 anos. 2011 não será excepção e a Zé dos Bois recebe o homem tigre para mais um concerto no dia 25 de Dezembro, às 23h.
"Fuck Christmas, I’ve got the blues", nome de um álbum de 2007 de Paulo Furtado, é o mote para estes concertos, pelo que será fácil perceber que se celebrarão outras coisas que não o Natal propriamente dito: o blues, o rock and roll - e um ano de sucesso para o artista de Coimbra (Coliseus esgotados e outros feitos).
Mesmo em registo "one-man show", sem o role de convidados com que se fez acompanhar em alguns dos concertos deste ano, trará ao palco os espectros de todas essas personagens que habitam nos seus últimos discos.
Por Dinis Correia