Identidade. Muitas vezes é enaltecida enquanto algo que só deve partir do âmago de cada um, como se aquilo que tornasse alguém singular e distinguível existisse para além das impressões digitais e do padrão de cor dos olhos. É essa ingenuidade que Almodóvar derruba com La Piel Que Habito, um bizarro e perverso thriller que tem como cerne a relação entre um cirurgião plástico com um passado tremendamente obscura e uma paciente, ou melhor um caso clinico, onde testa as suas pouco éticas descobertas de implantação de pele transgénica. Esta obra de Almodóvar tem tanto de desequilibrada, sem qualquer conotação negativa na adjectivação, como de transgressora. O enredo transfigura-se completamente ao longo do filme, acompanhando a perfídia da transformação. Com traços de Cronenberg e Franju, La Piel Que Habito, o seu mais negro a par de La Mala Educación, não podia ser mais Almodóvar, especialmente na construção das personagens. Um demente mas ceráfico Antonio Banderas regressa às origens e demonstra que ainda mora nele o talento que se destacou com o realizador e esteve todos estes anos em estado vegetativo. Mas apesar da maestria do restante elenco, incluindo a sempre transfixante Marisa Paredes, o destaque não pode ser feito a ninguém que não Elena Anaya num retrato tripartido e sem rosto próprio. Porque na exploração desta martirizada personagem Almodóvar explora sem limitações a raiz da identidade de cada um que, contra tudo aquilo que muitas vezes é proclamado e celebrado, mora somente à flor da pele.Por Nuno Gonçalves
Masterclass: Rui Horta
Desafios da Percepção nas Artes Performativas8 Dezembro, Quinta. 18h às 19h30 // 6pm to 7:30pm
O consagrado coreógrafo e programador Português junta-se ao Festival InShadow para partilhar a sua experiência enquanto mentor de múltiplos projectos de dança e criador multidisciplinar, com um trabalho de encenação em áreas tão distintas como o teatro, a ópera e a música experimental, e investigação multimédia.
Após uma breve contextualização histórica serão abordadas diversas perspectivas dos processos criativos no contexto actual, nomeadamente a relação entre linguagens artísticas e transdisciplinaridade, arquitectura e espaço cénico, comunicação e ferramentas tecnológicas.
Inscrições para info@voarte.com
Mais Informações em
http://inshadowfestival.wordpress.com/edition-2011/formation/masterclasses/
Exposição: "Moda de Imagens - Imagens de Moda"
Fotografia de Moda Alemã de 1945 a 1990A exposição “Bildermode-Modebilder” (Moda de Imagens - Imagens de Moda) apresenta um riquíssimo panorama de 50 anos de fotografia de moda na Alemanha. No entanto, ela incluí muito mais do que apenas assuntos ligados à moda.
Para além dos respectivos trends de moda, a linguagem imagética de cada um dos fotógrafos, o modelo, a sua pose, tal como as roupas, os acessórios e a qualidade técnica da fotografia transportam inadvertidamente informações extraordinariamente interessantes acerca do espírito do tempo, das transformações sociais, dos códigos morais e dos sentimentos e desejos das pessoas duma determinada época. Tanto a crescente internacionalização das imagens de moda, cujo início se dá nos anos 60, como a renúncia a um ideal fotográfico que conferia à representação dos pormenores das criações dos costureiros o seu mais nobre objectivo, serão documentadas na exposição. Com esta exposição pretende-se responder à questão se, apesar de existir uma linguagem imagética internacional na nossa “aldeia dos media mundiais” (Eco), ainda é possível detectar um dialecto alemão dentro dessa linguagem fotográfica.
Galeria Torreão Nascente da Cordoaria Nacional. Até 22.01.2012. Entrada livre
+351 218824510. info@lissabon.goethe.org
Exposição: Thomas Struth: Fotografias 1978 - 2010
Pela primeira vez em Portugal, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves expõe uma das maiores apresentações antológicas do trabalho do artista.Thomas Struth construiu ao longo de mais de 30 anos uma obra onde a fotografia assume a condição de um impressionante ensaio visual sobre o mundo em que vivemos, os seus tempos e os seus lugares. Das séries sobre cidades às imagens dos “paraísos” verdes, dos seus retratos de família às audiências de museu, das fotografias de museu às fotografias de lugares longínquos ou inacessíveis como certas docas ou estaleiros no Oriente, a estação espacial de Cape Canaveral ou laboratórios de aceleradores de partículas, a fotografia de Thomas Struth tem construído uma evidência analítica da sociedade globalizada que caracteriza a civilização contemporânea.
Fundação Serralves, Porto. Até 29 Janeiro 2012
http://www.serralves.pt/
Performance: Incommunicabilis - Carolina Bettencourt
Esta é uma viagem pelos limites de uma sanidade a quando da incomunicabilidade interior.Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, Lisboa
Dia 9 de Dezembro, 21h30
http://www.facebook.com/incommunicabilis.cb#!/incommunicabilis.cb?sk=info
