O Programa hANDling acolhe as iniciativas de transmissão e formação desenvolvidas pelo AND_Lab. Aquilo que procuramos com o Programa hANDling é ativar um ambiente mínimo, capaz de proporcionar as condições para o encontro e para a partilha dos instrumentos e modos de fazer-problema associados à nossa investigação Secalharidade.
A Secalharidade é uma prática de improvisação e criação colectiva de paisagens de convivência, resultante do encontro entre o método de Composição em Tempo Real desenvolvido pelo coreógrafo João Fiadeiro e da etnografia como ferramenta para performances situadas da antropóloga Fernanda Eugénio. Como um “modo de relação”, a Secalharidade substitui o protagonismo do sujeito, do controlo e da manipulação, por uma ética de manuseamento suficiente, que transfere o protagonismo para a emergência do Acontecimento.
Nos workshops hANDling procuramos desactivar as dimensões de predeterminação e condicionamento que, em geral, acompanham os modelos hierárquicos que estabelecem uma distinção prévia e estanque entre “quem sabe” e “quem não sabe”. De forma a partilhar os modos de operar o “viver juntos” defendido pela Secalharidade – dentro e fora da arte – investimos num trabalho contínuo de atenção de forma a transformar o que normalmente é sentido como resistência, em “re-existência”.
O termo handling traduz a ideia de “partilha” que atravessa o projeto AND_Lab, propondo ainda dois outros sentidos: salienta a dimensão de zelo e cuidado envolvida nos procedimentos infinitesimais do manuseamento; e ainda a capacidade de “aguentar” e “sustentar” uma ética do viver juntos que não seja dada de antemão, mas gerada colectiva e presencialmente, no próprio ato do encontro.
O Programa hANDling é composto por três planos de encontro – hANDling_party, hANDling_tools e hANDling_craft – que se desdobram em três gradações temporais de diferentes densidades (15h, 30h e 60h). Cada uma dessas durações propõe diferentes maneiras de se “crescer para o interior” da investigação Secalharidade. Embora existam inquietações e “centros gravitacionais” próprios a cada uma dessas plataformas de encontro, a questão tratada em todos os workshops é a mesma: “como viver juntos?”. O que distingue um workshop de outro não é a escalada evolutiva dos níveis de dificuldade (como se passa nas pedagogias disciplinares), mas a alteração da intensidade experienciada pelo participante através da permanência, da insistência e da duração.
+ INFO: www.re-al.org / andlab@re-al.org